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Literatura e mercado editorial

Em livro, autores revelam os bastidores da criação de suas obras

Lançamento de 'Ficcionais 2 – O Ato de Forjar Seus Mundos' será nesta segunda-feira, 27, na Blooks, em São Paulo, com debate

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Maria Valéria Rezende comenta o processo de criação de 'Quarenta Dias' ( Foto: Adriano Franco/Divulgação)

"Sim, seria um livro escrito ao som de gemidos e de soluços Ou uma narrativa sóbria, técnica, glacial? Ponderei muito antes de escrever O Senhor Agora Vai Mudar de Corpo (Record), meu romance em que trato do AVC que sofri em 2010." Assim começa Com Amor, Mas Sem Lágrimas e Gemidos, texto escrito por Raimundo Carrero para o livro Ficcionais 2 - O Ato de Forjar Seus Mundos (Cepe Editora), que será lançado nesta segunda-feira, 27. Mais adiante, ele continua: "Já em casa, dias depois, procurei usar o micro, mas meu corpo não se sustentava sentado durante muito tempo e caía. Minha mulher, Marilena, comprou um laptop e consegui, com esforço, escrever as primeiras palavras. Algo profundamente doloroso e sem agilidade: uma palavra a cada meia hora".

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São mais de 30 textos em que escritores brasileiros narram o processo de criação de suas obras - uma das grandes curiosidades dos leitores. Foi a coluna Bastidores, criada em 2010 e publicada no Suplemento Literário de Pernambuco, que serviu de inspiração à obra organizada pelo jornalista Schneider Carpeggiani. O primeiro volume foi lançado há três anos.

Neste novo volume, há textos de autores experientes, como Maria Valéria Rezende, João Almino, Sérgio Sant'Anna e Silviano Santiago, e de outros ainda no início de carreira, como Débora Ferraz e Micheliny Verunschk, vencedoras no ano passado do Prêmio São Paulo de Literatura na categoria autor estreante com menos e mais de 40 anos, respectivamente. Elas comentam o processo de produção de Enquanto Deus Não Está Olhando (Record), que rendeu a Debora, também, o Prêmio Sesc de Literatura, e Nossa Teresa - Vida e Morte de Uma Santa Suicida (Patuá), primeiro romance da poeta Micheliny.

No artigo de Maria Valéria Rezende, vencedora do Prêmio Jabuti de melhor romance e Livro do Ano de Ficção, acompanhamos as histórias por trás de Quarenta Dias (Alfaguara) - a história de uma mulher que diante da tarefa imposta pela filha de largar sua vida e ajudar a cuidar do neto dá uma surtada e passa alguns dias perambulando pelas ruas. A autora confessa que a origem do romance é incerta, mas revela uma história vivida que poderia ter sido o embrião deste seu livro premiado.

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Já no de Silviano Santiago, sobre Mil Rosas Roubadas (Rocco), Prêmio Ocenaos, lemos um relato delicado sobre a história do autor com o personagem de seu livro, o amigo de uma vida inteira morto - para o autor, o combinado era o inverso: Zeca seria o seu biógrafo. "Ao matar a pessoa que amamos antes de nos matar, a vida é uma assassina impiedosa e cruel. Será que age de modo sorrateiro e inconsciente? Ela não nos rouba apenas o ente querido. Não é apenas a solidão o sentimento dominante na vida de quem sobrevive. Mil Rosas Roubadas é um romance sobre o assassinato da pessoa amada", escreve Santiago.

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Além deles, contam suas histórias Ronaldo Correia de Brito, Estevão Azevedo, Paula Fábrio, Marcelino Freire, José Luiz Passos, Angélica Freitas, Julián Fuks, Antonio Xerxenesky, Sidney Rocha, Andrea Del Fuego e outros.

Um debate com a participação de Sidney Rocha (Fernanflor), Julián Fuks (Resistência) e Micheliny Verunschk (Nossa Teresa) a partir das 19h30, na Blooks Livraria Blooks (Shopping Frei Caneca - Rua Frei Caneca, 569, 3º piso), marca o lançamento da obra em São Paulo nesta segunda-feira.

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